Um tribunal de Bruxelas, na Bélgica, condenou nesta quinta-feira seis
pessoas por torturar até a morte uma jovem de 23 anos durante uma
sessão de exorcismo. Latifa Hachmi morreu em agosto de 2004, depois de
ser submetida durante um mês a uma violenta prática de exorcismo na
esperança de conseguir engravidar.
O processo, admitido entre alguns grupos islâmicos - religião de todos
os envolvidos no caso - é conhecido como Roqya, uma mistura de magia e
religião. Segundo a juíza Karin Gérard, a vítima foi golpeada "uma
centena de vezes" com sandálias e bastões cobertos com versos do Corão, o
livro sagrado dos muçulmanos, depois de ter sido obrigada a beber
enormes quantidades de água suja e a passar dias sem comer.
Hachmi também foi forçada a permanecer com fones de ouvido durante o
processo para escutar incessantemente versos do Corão. Mas, segundo o
laudo dos médicos, o momento fatal teria ocorrido quando Hachmi, com os
pulsos e os joelhos atados, foi submersa em uma banheira com água
"extremamente" quente e quase se afogou.
"Eu quis pedir ajuda, mas os outros (dois exorcistas e três
"curandeiras" responsáveis pela sessão) disseram que Latifa não sofria,
era os Djinns (demônios) que estavam sofrendo", afirmou ao tribunal
Mourad Mazouj, marido da vítima e um dos condenados.
Desespero
Durante o processo, Mazouj assegurou que o exorcismo foi realizado a pedido de sua própria esposa, para conseguir engravidar. "Ela queria esse tratamento e concordava com ele. Hachmi tinha decidido abandonar a medicina tradicional (para aumento da fertilidade) e tinha escolhido a Roqya", afirmou a advogada de Mazouj, Carine Couquelet.
Durante o processo, Mazouj assegurou que o exorcismo foi realizado a pedido de sua própria esposa, para conseguir engravidar. "Ela queria esse tratamento e concordava com ele. Hachmi tinha decidido abandonar a medicina tradicional (para aumento da fertilidade) e tinha escolhido a Roqya", afirmou a advogada de Mazouj, Carine Couquelet.
De acordo com Antoine Chomé, advogado de Xavier Meert, um dos exorcistas
condenados, seu cliente queria apenas ajudar a vítima, que estava
desesperada com sua incapacidade de engravidar. "Ele quis ajudar, ainda
que de uma maneira catastrófica. Não se deve classificar o quase
afogamento como uma tortura, mas, sim, como uma falta de discernimento",
argumentou.
O tribunal belga, por outro lado, entendeu que os atos cometidos contra
Hachmi se qualificam penalmente como tortura. A pena para este caso
varia de 20 a 30 anos de prisão e será anunciada na próxima
segunda-feira.
Fonte: Terra
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